coldfire

Descrito como diário, diariamente descrito. Contraditório nos objetivos, objetivamente contraditório. Pegue uma cadeira e sente-se.

quarta-feira, agosto 27, 2008

Filosofias de bar

Estavam sentados na mesa cinco. E  foi mais do que o conteúdo de seis garrafas sorvido até ali. Uma hora da madrugada começou a surgir. O bar ficava na avenida doze e o número era o trezentos e quarenta e dois. Um volta-se para o outro e, no auge da sua ébria perspicácia, balbucia:
- Generalizações são, em geral, estúpidas!

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sábado, agosto 02, 2008

Saber amar

Meu amor está zangado, faz birra e quer brigar.
A razão pra tanta cizânia até me tira o ar:
Eu sei que quer colo, carinho e atenção,
Mas, pobrezinha, não sabe pedir, não!

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domingo, maio 11, 2008

Do além

Do além, vim buscar nem que seja uma despedida.
É que todo o resto parece incerto e silêncio não me basta mais.
Queria ser tolerante e entender, mas a saudade maltrata.
Cansado de doer, suplico agora misericórdia.
Um tiro, por favor, um tiro de mercê!
Desejo a morte, mas que seja de tiro, de uma vez.
Estou dolorido e já não aguento agonizar morte infindável de saudade.

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Matemática

Quis interrogação e vieram exclamações! Não dispensei e deixei ficar: não se rejeita visita bem-vinda.
Fosse apenas encanto, a brevidade seria provável, talvez, certa.
Sendo mais, garanto que intensidade toma conta. Profundo nas entranhas.
Entranhas rubras como sangue e coração.
Discordar apenas, seria bom; desentender melhor ainda.
Triste é até reconciliar.
Que, por sua vez, dura pouco e é intenso quanto fosse eterno.
Presos nesse ciclo, você, círculo, eu, circunferência.

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domingo, maio 04, 2008

Sobre verdades

Não me defino por sabedoria, ou falta dela. Se, de repente, querem verdades, fujo das certezas porque nelas não há verdades nem mentiras.

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domingo, abril 20, 2008

A arte de dizer o óbvio

Fugir de um cliché, às vezes, é não só indispensável como desnecessário.

terça-feira, abril 15, 2008

Corda

Acordei reticente do despertar e descobri sonhar.

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Desdobro-me em bemóis: quero ser ! Quero subir o tom e ir mais alto. Depois, só por gosto, deflagro tal destoamento que me faça cair um milhão de notas. Não me venço, sou ré para não ter que viver de flutuações passadas. Sinto só os timbres que hão-de vir.
Não questiono a música, questiono o silêncio. Não sinto os pés nas claves, acho que sapateio sobre os intervalos. Não vejo pauta, a improvisação toma conta. Sinto a colcheia agora, ela me tira pra dançar. Dança doce, suave. Explica-me que a pausa é música. Páro, não contesto. Aceito como se aceitasse mais uma dança; já não mais valsamos, regemos a peça. A orquestra está sob meu controle. Corro as oitavas e correm as oitavas.
Quase tocando a catarse com os dedos, tropeço no ritmo.
Soa o sossego.

Social

Adoro o torpor da sobriedade! Ah, o torpor!
Força-nos todos a mantermos a hipocrisia acesa do convívio social, como se a verdade fosse que sociais fôssemos. Mas não se engane!:
Tão mais insuportável que a farsa letárgica da associatividade é a arrogância da suficiência.

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Sonho

Acordou um dia como um sábio; um jovem sábio do ocidente. Entendeu, de súbito, toda angústia humana e soube trabalhar isso tão bem que adormeceu de vez toda amargura que o habitava antes. Vivia cercado de luz agora, embora não soubesse dizer se a luz vinha da clarividência ou a clarividência da luz. Quis perguntar. E, de fato, o fez. Sábio como era, soube reconhecer suas limitações e se pos humilde. Era sábio agora não mais por saber das coisas, mas justamente por não saber. E não ousou temer perguntar, ainda que, certamente, não quisesse uma resposta. Respostas bem dadas, cessam perguntas e calam inquietações. Ora se não há nada mais nocivo!
Tragédia melhor não houve: acordou sábio, mas deitou-se completo ignorante.

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Dobras

Atiraram-me com força, muita força e pude, então, viajar longe longe. Longe subo os morros, perdendo o chão de vista. Levei embora comigo, embora, a carta que em mim fora escrita por um menino que muito te quer bem. Se não chega a carta, pelo menos o beijo que lhe manda.

Com carinho,
o aviãozinho de papel.

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quinta-feira, abril 10, 2008

Meiasua, meiaminha

Queria uma meia colorida! Uma meia todinha colorida pra fazer de sua meia calçado meu. Uma meia que seja assim: uma meia inteirinha nossa.