coldfire

Descrito como diário, diariamente descrito. Contraditório nos objetivos, objetivamente contraditório. Pegue uma cadeira e sente-se.

terça-feira, abril 25, 2006

Sinais de pontuação

Aproveitando a estética modernista e a propósta de rupturas com os padrões clássicos e consagrados [vírgula] eis aqui um pequeno excerto de um pensamento não completamente escrito [vírgula] nem mesmo parcialmente já que o excerto ainda não tenha sido finalizado [vírgula] que tangencia a metalinguagem e tenha por objetivo apenas fazer uso de técnicas transgressoras [ponto final] Sinais de pontuações são legais [vírgulas] mas não tanto quanto parecem [ponto final] Representam toda a normatização não só da linguagem [vírgula] como também do pensamento [vírgula] como se o pensamento fosse algo que se devesse normatizar [ponto final] Note o [abre aspas] devesse [fecha aspas] [vírgula] já que o pensamento [abre aspas] pode [fecha aspas] ser normatizado [ponto final] Lapida [hífen] o como um ourives uma jóia [vírgula] já pensou Olavo Bilac [ponto e vírgula] ganha valor e perde originalidade [vírgula] naturalidade [ponto final] Bom mesmo é não usá [hífen] los [vírgula] os sinais de pontuação [vírgula] explicitamente [vírgula] mas referenciá [hífen] los por meio de outros sinais que [vírgula] por sua vez [vírgula] dentro do próprio contexto [vírgula] se tornarão regra e normatizarão toda a coisa novamente [ponto final]
Em busca de facilitar a leitura e compreensão [vírgula] me abstive de deixar de usar todos sinais de pontuação [ponto final] O colchete ainda foi usado [ponto final] Isso não menospreza a criticidade imputada e reafirma toda idéia do parágrafo anterior [ponto final] O próximo passo será ausência da pontuação [vírgula] depois ausência da acentuação [vírgula] abreviação de palavras [vírgula] até a completa extinção do texto [ponto final] Nesse ponto [vírgula] um texto sem texto [vírgula] será o auge da originalidade [ponto final]

Talvez dez? Mais? Quantos?

Quanto murros são necessários para que a raiva que você tenha do seu navegador, que fecha inesperadamente no final de um loooongo texto digitado em um campo de texto, suma e que você não prejudique severamente nem sua mão nem a própria parede?

domingo, abril 16, 2006

Falando de chuva, vermes e germes

Eu gosto de tempos chuvosos. O clima é ótimo; adoro o frio - que nem é frio, é mais como o frescor de uma bala de menta, talvez. As plantas florescem rapidamente, visivelmente observável. O problema de tudo isso é que, com todo esse brotar da vida, os germes e vermes também se fazem mais presentes. Leva-me a pensar, mais uma vez, que não se separa a vida do fim dela. Mais vidas acarretam mais mortes.
Nisso vou curtindo a chuva enquanto o sol não vem.

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Rima pobre e fraca a do título. Mas ficou legal, admitam!

quinta-feira, abril 13, 2006

Crônicas de uma mente pérfida: Esbanjador de líquidos!

Nem bem vivemos a crise do petróleo e já vêm esbaforidos me falar de crise da água. Na verdade, todas essas predições são alardes de estudiosos e intelectuais para fatos irreais somente a fim de espalhar o pânico e incitar discussões profundas, e muitas vezes apaixonadas, sobre as improváveis possíveis catástrofes.
Prorrogam-se gradativamente os prazos até um limite - para que não lhes tomem por ridículos, afinal - e quando o desastre não vem, jusificam-se pela amenização ou extinção das consequências através de medidas preventivas. Dêem-me um tempo!

Incredible Machine


Sempre gostei dessas coisinhas assim, de montar todo um esquema complicado para depois percorrê-lo de volta para desmanchar. A musiquinha incômoda dá o tom engraçado a coisa. Ainda vou fazer algo parecido!

Canto cinza do canto de cor

Manhãs cinzas são aquelas que despertam noites de sono mal-resolvido. Coincidentemente proposital, a colorida alegria matinal do espírito do meu pai se configura em sons alternados entre a afinação e a falta dela. Insuportáveis não aos ouvidos, mas à - ausência da - mente! O mau-humor não vê saída pela voz e se espalha no cinza ranzinza das nuvens. O dia fica escuro e nebuloso até o sono ser espantado pela minha cantarola da poesia agora pouco feita por meu pai.

domingo, abril 02, 2006

Microconto da burocracia

Foi ao cartório para legalizar sua futura mais nova empresa. VaultSecure, nomes em inglês soam melhor, uma start-up - estabelecimento ou firma recente - arrojada e pronta para o mercado. Contente, ao desenrolar de todo o processo burocrático, afixou o cartaz em frente à sede:
Sua segurança com uma tradição de 10 anos!